Como não somos obrigados a homenagear as mulheres apenas no 8 de março, dedico a elas este pequeno texto. Em especial à amiga Denise, de Palmas, que faz aniversário neste 10 de janeiro.
A autoridade
Em épocas remotas, as mulheres se sentavam na proa das canoas e os homens na popa. As mulheres caçavam e pescavam. Elas saíam das aldeias e voltavam quando podiam ou queriam. Os homens montavam as choças, preparavam a comida, mantinham acesas as fogueiras contra o frio, cuidavam dos filhos e curtiam as peles de abrigo.
Assim era a vida entre os índios onas e os yaganes, na Terra do Fogo, até que um dia os homens mataram todas as mulheres e puseram as máscaras que as mulheres tinham inventado para aterrorizá-los.
Somente as meninas recém-nascidas se salvaram do extermínio. Enquanto elas cresciam, os assassinos lhes diziam e repetiam que servir aos homens era seu destino. Elas acreditaram. Também acreditaram suas filhas e as filhas de suas filhas.
Eduardo Galeano, Memória do Fogo I - Os nascimentos. Fontes:
- Plath, Oreste. Geografía del mito y la legenda chilenos. Santiago del Chile, Nascimentos, 1973.
- Harris, Olivia, y Young, Kate (Recompilación). Antropología y feminismo. Barcelona, Anagrama, 1973.
PS: Abraço à amiga e companheira de luta Oona, cuja curiosidade me lembrou de colocar a referência de onde o Galeano se inspirou para conceber o texto. Vou incluir nos posts anteriores também, onde houver referência explícita.
Um comentário:
...Hehehehehehehehe...
Adorei o texto... Os homens são assim mesmo, tentam de tudo pra nos dominar...:p
Me liga, querido!!!!
Beijinhossssssss
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