quarta-feira, outubro 11, 2006

A pequena morte

Não nos provoca o riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntarmo-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.

Eduardo Galeano, O livro dos abraços - que acabou de ganhar edição de bolso, mais atraente para os bolsos.

Para Maria Raquel, com sabor de um ano.

4 comentários:

Anônimo disse...

Meu amor,
Como você tem a coragem de me oferecer rosas tão lindas e tão vibrantes e ñ escrever pelo menos um cartãozinho assinado por vc? ;)
Te amo (com toda a tranqüilidade de quem diz isso de corpo e alma).


P.S.: Meu presente virá à minha maneira.

Anônimo disse...

Lembro-me quando na minha infância, assistindo ao meu seriado preferido, Jornada nas Estrelas, uma personagem alienígena observando dois seres humanos namorando, comentou:
"Não entendo como vocês humanos complicam um ato biológico tão simples", referindo-se não somente ao namoro, mas ao conseqüente ato sexual.
Essa também sempre foi minha percepção dos poetas a respeito das relações sexuais, complicar algo tão simples e natural.
Sempre encarei a corte e o ato sexual, como algo natural e que deve ser aproveitado ao máximo pelos parceiros envolvidos.
Talvez por isso, nunca tive "delírios de sofrimento da alma" ou "padecí por amor(sic!)".
O que tive, e tenho, foram somente momentos deliciosos, DESCOMPLICADAMENTE.

Anônimo disse...

Eduardo Galleano com vergonha de escrever a palavra "orgasmo?"

Rodrigo Rodrigues disse...

Não é necessariamente o orgasmo como o concebemos junto de líquidos viscosos, este tambem mas não só, mas também a própria sensação de elevação espiritual a partir do reconhecimento de si próprio no outro, afinal nem todo orgasmo é uma pequena morte mas toda pequena morte é também um orgasmo, por falta de palavra melhor que descreva tal êxtase