A trilogia Memória do Fogo é uma leitura imprescindível para qualquer pessoa que tenha afinidade, curiosidade ou vontade de conhecer a história e um pouco da cutura da América Latina. Depois de As veias abertas da América Latina, os três volumes - que compõem um conjunto harmônico entre si - da trilogia são que esbofetearam com mais força a minha ignorância e a minha (in)sensibilidade condicionada pela nossa educação formal.
Dedico o texto abaixo à jovem Guaia, estudante e militante da UnB.
O guayacán
Andava em busca de água uma moça do povo dos nivakle, quando encontrou-se com uma árvore fornida, Nasuk, o guayacán, e sentiu-se chamada. Abraçou seu tronco firme, apertando-o com todo o corpo, e cravou suas unhas na casca. A árvore sangrou. Ao despedir-se, ela falou:
- Como eu gostaria, Nasuk, que fosses homem!
E o guayacán fez-se homem e foi buscá-la. Quando a encontrou, mostrou-lhe as costas arranhadas e estendeu-se ao seu lado.
Eduardo Galeano, Memória do Fogo I - Os nascimentos.
(Fonte: Roa Bastos, Augusto (comp.), Las culturas condenadas, México, Siglo XXI, 1978).
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